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sexta-feira, 28 de outubro de 2011

A vítima

Hoje é sexta-feira então vale um post mais diferenciado. Vou colar aqui um trechinho de um livro que eu li quando era menina. Chama-se "O homem que conhecia as mulheres".


Nas primeiras páginas do livro, são contados alguns esteriótipos de mulheres, e um que me marcou foi o "A vítima".

Ela estava bem. Sua solidão que reclamava. Promete que você não conta isso pra ninguém? Ela dizia pra amiga que era feliz de montão, que usava vestidos floridos, soltos, seu sorriso bonito, seu corpo lindo como poucos, seu desejo excessivo, tesão, ela queria sempre, sempre, queria amar todos os homens, gostava de homem, gostava de tudo neles, de quase tudo, gosta ainda: de barba, do cheiro, de ombros largos, gosta de peito com pêlos, de pernas longas, gosta de alisar, esfregar, arranhar, lamber e beijar. Gosta de gostar, "porque muitas se atrapalham com aquele corpo bruto por cima", ela disse, e a amiga concordou. Mas ela, não. Adora se dar, adora se excitar e excitar. Trepar.


Com o cara 1, ela foi pra cama no primeiro dia. Ele se jogou, ela beijou, ele tirou a camisa, ela tirou seu vestido, ele olhou seu corpo, que lindo, disse, e ela adorou o elogio, tira tudo, ela calma, esfregou-se, amassou, rolou, subiu, tira tudo, calma, chupou, lambeu, apertou, tira, tá, ela tirou, e se comeram, tocaram tudo, totalmente. Mas ele não ligou depois. Não houve depois. Nenhum e-mail. Sumiu. Nunca mais ouviu falar dele. O homem-espuma... "Que pena, era o pau mais bonito da cidade. Que droga! O que fiz de errado dessa vez?", ela perguntou à amiga.


O que ela fez de errado?



Com o cara 2, ela nem esperou chegar em casa. Agarrou-o já no carro. Pulou nele quando estacionaram. Subiu, beijou-o, mordeu seu pescoço, lambei sua orelha, sentiu se excitar, tirou a camisa dele, beijou seus ombros, seu peito, seus braços, suas mãos, suas costas, estava duro, ela tirou a calça dele e seu vestido num gesto único e nem esperou ele dizer, tirou a calcinha e o sutiã. Ele ficou doido de tesão, que corpo, ele disse. Ela nem registrou o elogio, porque já o chupava, esfregava, lambia, massageava, que pau lindo, ela disse, o mais lindo que já vi, muito mais lindo que o outro. Ele perguntou: "Que outro?" Ela nem deu ouvidos, nem enrolou maism desenrolou a camisinha e transaram ali, no bando do motorista, passaram pro do passageiro, depois pro de trás, de frente, de lado, por trás. Mas ele não ligou no outro dia. Nem no outro. nem na outra semana. Nem carta, e-mail, telegrama. Sumiu. O homem-vento.

"Que merda" O que foi que eu fiz dessa vez?!", perguntou à amiga.

O que foi dessa vez?

Com o cara 3, ela entrou em seu apt. Bebeu, bebeu, foi agarrada, disse não, foi arrastada, disse pára! Ele pediu, pediu, pediu, ela disse só um beijinho. Deu um, mas ele logo veio apalpando, ela disse aí não! Ele pediu mais beijos, ela disse mais vinho. Mais bêbados. Ela se insinuou, ele queria vê-la nua, ela só mostrou a tatuagem na virilha, ele implorou, vamos para cama, ela chamou um taxi. Nem esperou a confirmação, chamou o elevador, deu um beijo longo, sorriu e se foi. Esse ligou no dia seguinte. E no outro. Mandou flores, e-mails e um CD de presente. Liga todos os dias. O homem-calo.

"Como homem é babaca", disse a amiga.

Adoro esse livro. É do Marcelo Rubens Paiva. Excelente escritor.









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